quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dor de cabeça atinge 8% das crianças e 15% dos adolescentes

Crises são mais rápidas e podem ser negligenciadas por familiares e professores


Dor de cabeça não é exclusividade de adultos. Estima-se que 8% das crianças e 15% dos adolescentes sofram com esse incômodo de forma recorrente. A cefaleia mais comum em jovens é de intensidade leve a moderada, na cabeça toda, e que provoca intolerância à luz e ao barulho. Ela não chega a ser incapacitante, como a enxaqueca, mas pode provocar náuseas.

“Crianças que iniciam o quadro normalmente tem um familiar próximo com enxaqueca e pesquisas apontam que mais comumente a mãe é quem apresenta o problema”, afirma a neurologista Dra. Thaís Villa, responsável pela recém-inaugurada Clínica de Cefaleias do HCor Neuro. Ela explica que as crises na criança tendem a ser mais leves e curtas que nos adultos, às vezes muito curtas, durando somente cerca de 15 minutos. Isso muitas vezes leva familiares e professores a não acreditar na queixa, atribuindo tudo a manhas e preguiça.

Para evitar essas interpretações, a médica recomenda observar alguns pontos, como a presença de familiares com cefaleia e o comportamento da criança durante a dor. Mesmo que por curto período, ela tende a se afastar um pouco das brincadeiras e a evitar atividade física como andar e correr, além da claridade e do barulho. “É comum a criança, durante a crise, ter náuseas e vômitos. Ela acaba dormindo durante a dor e, após o sono, acordar como se nada tivesse acontecido”, comenta a especialista.

Enxaqueca no país
Estima-se que 30 milhões de brasileiros enfrentem a enxaqueca regularmente. Cerca de 30% dos casos é com aura, que são distúrbios visuais como luzes piscando, manchas brilhantes e visão borrada. Quando isso acontece, o risco de infarto e AVC é três vezes maior. “Se a pessoa for tabagista e usar contraceptivo oral, o risco dá um salto e torna-se nove vezes maior”, alerta a neurologista.

O primeiro passo para combater a enxaqueca é identificar seus gatilhos. Embora alguns sejam mais frequentes, como estresse e jejum prolongado, eles podem variar muito de pessoa a pessoa, por isso a avaliação clínica precisa ser bem detalhada e individualizada. “Uma consulta sobre enxaqueca precisa ser longa e o paciente precisa ser ouvido com atenção em todas as suas queixas, pois o diagnóstico é clínico”, explica a Dra. Thaís.

O objetivo é eliminar o máximo de gatilhos possível e, ao mesmo tempo, tornar o cérebro mais resistente a eles, com um tratamento medicamentoso preventivo, utilizando neuromoduladores, betabloqueadores e até antidepressivos. “A doença é genética: não tem cura, mas tem controle”, afirma a neurologista.

Gatilhos frequentes
Os gatilhos da enxaqueca costumam variar, mas existem alguns que são frequentes. Veja a lista dos principais:

- Estresse;
- Barulho;
- Cheiro forte;
- Claridade;
- Atividade física praticada irregularmente;
- Jejum prolongado;
- Mudança de rotina de sono;
- Álcool;
- Mudanças hormonais da menstruação.

Mais comum em mulheres

Estima-se que 75% das pessoas que sofrem com enxaqueca sejam mulheres, ou seja, três mulheres para cada homem. A grande maioria dos casos acontece em idade produtiva, entre 18 e 55 anos. As crises costumam estar associadas às variações hormonais, como a queda de progesterona e do estrógeno, durante o ciclo menstrual. Por isso, o tratamento pode requerer um atendimento multiprofissional, incluindo um neurologista e ginecologista.

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